Por Redação Portal Report – Divisão Jornalística Rec TV | Vaticano – 22 de abril de 2025
A morte de Sua Santidade, o Papa Francisco, anunciada oficialmente na manhã de ontem (21), mergulhou a Igreja Católica e o mundo em luto. Aos 88 anos, o primeiro pontífice latino-americano e o único jesuíta a ocupar o trono de Pedro faleceu no Vaticano, após uma piora em seu quadro de saúde respiratória.
Francisco, cujo nome de batismo era Jorge Mario Bergoglio, será lembrado como o Papa da simplicidade, da misericórdia e da inclusão. Mas agora, com sua partida, os olhos do mundo se voltam para os bastidores do Vaticano, onde se inicia um dos rituais mais antigos e solenes da Igreja Católica: a Sede Vacante e o conclave para escolha do novo Papa.
Com a confirmação do óbito, o camerlengo — atualmente o cardeal Kevin Farrell — assumiu as funções administrativas do Vaticano. A primeira medida foi a verificação oficial da morte e o lacre do quarto papal. Com o início da Sede Vacante, todos os cargos da Cúria Romana, incluindo secretarias e congregações, ficam suspensos até a eleição do sucessor.
O corpo de Francisco será velado na Basílica de São Pedro por, no mínimo, três dias, para que fiéis do mundo todo prestem suas últimas homenagens. O funeral deve ocorrer entre o quarto e o sexto dia após sua morte, seguido do enterro nas Grutas Vaticanas, onde repousam outros papas.
De acordo com as regras estabelecidas pela Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, promulgada por João Paulo II, o conclave deve começar entre 15 e 20 dias após o funeral. O Colégio dos Cardeais, atualmente com 132 membros com direito a voto (com menos de 80 anos), será trancado na Capela Sistina até eleger um novo pontífice com, no mínimo, dois terços dos votos.
Os cardeais não podem manter contato com o mundo externo. A comunicação é completamente cortada, e todo o processo é revestido de sigilo absoluto. A famosa fumaça branca (fumata bianca) anunciará ao mundo a escolha do novo líder da Igreja.
O papado de Francisco foi marcado por avanços em diálogo inter-religioso, pautas sociais e um tom acolhedor para com minorias. Entretanto, entre os papabili (possíveis eleitos), nomes ligados à ala mais conservadora da Igreja ganham força, como os cardeais Péter Erdő, da Hungria, e Raymond Burke, dos Estados Unidos — críticos da abertura proposta por Francisco em temas como união civil homoafetiva, participação das mulheres e acolhimento pastoral.
Há expectativa de que o novo papa possa representar um “retorno à doutrina” tradicional, em contraponto ao estilo pastoral e reformista do pontífice argentino. Por outro lado, vozes dentro do colégio ainda defendem a continuidade das mudanças iniciadas na última década, vislumbrando nomes como Matteo Zuppi (Itália), Wilton Gregory (EUA) ou Cláudio Hummes (Brasil), como representantes da linha de continuidade.
A morte de Francisco encerra um ciclo singular na história da Igreja: aquele em que um papa falava de forma simples, andava entre os pobres e colocava sua autoridade a serviço do outro. Enquanto se inicia o rito secular de transição, católicos e não católicos aguardam atentos os desdobramentos de um novo capítulo — com esperança, mas também com apreensão.
A fumaça branca voltará a subir. Mas até lá, permanece no ar o eco de um pontificado que ousou sonhar com uma Igreja mais humana, mais próxima, e sobretudo mais cristã.